Inclusão digital: o que falta para que ela seja efetiva?

Nathan Rodrigues

29/11/2016 às 09h20 - terça-feira | Atualizado em 29/11/2016 às 09h30

A inclusão digital, ainda que seja uma ideia bem difundida, está longe de ser uma realidade. Um relatório do Banco Mundial, intitulado “Dividendos Digitais”, mostrou que, mesmo numa era marcada pelos constantes avanços tecnológicos, cerca de 4,2 bilhões de pessoas — número correspondente a 60% da população global — não têm acesso à rede de computadores.

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O estudo aponta ainda que os maiores índices de pessoas offline foram registrados em países em desenvolvimento, como a Índia, a China e a Indonésia, que enfrentam, além da dificuldade de acesso às ferramentas digitais, problemas no oferecimento dos serviços. O documento afirma que, nesse grupo, a internet, por exemplo, "continua inacessível, indisponível e fora do alcance econômico." No Brasil, sétimo colocado no ranking, 98 milhões de habitantes seguem desconectados.

Para superar esse quadro, basta aproximar as chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), certo? Não necessariamente. Para que a inclusão digital aconteça, de fato, garantem os especialistas, é preciso instruir os cidadãos, fazendo com que dominem os dispositivos tecnológicos e os use, assim, para mudar sua realidade. A essa etapa dá-se o nome de emponderamento digital.

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A inclusão busca promover também o acesso de pessoas com algum tipo de deficiência aos dispositivos digitais.

“Ela é um avanço em relação à inclusão digital”, explica a mestre em Educação e psicóloga Lia Gonsales, coordenadora pedagógica do CDI. Em entrevista ao programa Sociedade Solidária*, da Boa Vontade TV, a educadora pontua que "é preciso promover a aprendizagem em relação àquela ferramenta, realmente emponderar o indivíduo. A ferramenta não está mais estática,  está no nosso bolso, na nossa bolsa. Podemos mudar o mundo através da tecnologia, não sermos apenas receptores.”

Conhecimento 2.0

Para vencer os obstáculos técnicos, como problemas de conectividade, Lia Gonsales comenta que outras áreas precisam oferecer suporte à inclusão digital. E a escola pode ajudar nesse processo, até porque ela já se adaptou aos novos tempos. Na sala de aula, os dispositivos digitais despertam o interesse e a motivação dos alunos em aprender, fazendo com que assumam papel de protagonismo na construção de sua própria aprendizagem.

Vivian R. Ferreira
No Conjunto Educacional Boa Vontade, localizado na capital paulista, os recursos tecnológicos ajudam na transmissão dos conteúdos. Isso também se verifica em outras Unidades da LBV.

“O mundo digital é hoje parte integrante da sociedade e a nova geração nasceu nesse contexto”, afirma Aline Braga Trevisan, assistente de direção do Instituto de Educação José de Paiva Netto, que integra, ao lado da Supercreche Jesus, o Conjunto Educacional Boa Vontade. A Escola, bem como as demais Unidades de atendimento da Legião da Boa Vontade (LBV), utiliza de ferramentas digitais para a transmissão dos conteúdos e o desenvolvimento do conhecimento de seus atendidos.

Resumindo: a escola colabora, e muito, para o empoderamento digital.

Vivian R. Ferreira
Os tablets e os computadores também colaboram para a transmissão do conteúdo nas aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), disponibilizadas pela Escola.

Em seu artigo "Web, educação e poder", o jornalista e escritor Paiva Netto traz uma importante reflexão sobre o assunto. Ele ressalta: "Não é novidade que a internet se tornou ferramenta indispensável em nossa rotina. Ao acessá-la, vêm abaixo fronteiras antes intransponíveis para a maioria dos cidadãos. Contudo, tenho alertado — também para o bom uso do meio cibernético — que educação é poder. Sem o devido ensino, aliado à Espiritualidade Ecumênica, o manuseio desse influente recurso pode ser desastroso".

E pode ser desastroso mesmo, hein? Ainda que a tecnologia nos ajude em situações cotidianas e deva estar ao alcance de todos, o Portal Boa Vontade não pode deixar de ressaltar que mesmo essa plataforma pode oferecer alguns riscos. Nós já abordamos, inclusive, de alguns deles, como o sexting, a dependência da internet e o cyberbullying. Atenção ao usar essas ferramentas, tá? Faça delas instrumentos para busca de soluções no Bem! =] 
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* O programa Sociedade Solidária, da Boa Vontade TV (canal 212 da Oi TV e 196 da NET e da Claro TV), vai ao ar toda terça e quinta-feira, às 3h e às 22 horas; e aos sábados e domingos, às 23h30. Para outras informações, ligue: 0300 10 07 940 (custo de uma ligação local + impostos).