Literatura brasileira se despede do poeta Ferreira Gullar

Wellington Carvalho

04/12/2016 às 12h30 - domingo | Atualizado em 04/12/2016 às 23h49

Lucian Fagundes
Ferreira Gullar em seu apartamento, na capital fluminense, no ano de 2010.

Retornou à Pátria Espiritual, neste domingo, 4, aos 86 anos, o poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro Ferreira Gullar. Ele estava internado em um hospital da capital fluminense para tratar de uma forte pneumonia.

Nascido em 10 de setembro de 1930, em São Luís, capital do Maranhão, Ferreira Gullar foi batizado como José Ribamar Ferreira. Decidiu adotar o nome artístico de Ferreira Gullar ainda bem jovem, tudo porque, segundo ele, poemas de péssimo gosto haviam sido publicados por um homônimo dele — além disso, inspirou-se no sobrenome da mãe, Alzira Ribeiro Goulart, e manteve o do pai, Newton Ferreira.

Em 1951, mudou-se em definitivo para o Rio de Janeiro. Três anos depois, publicou A Luta Corporal, livro com o qual ingressou no movimento concretista (em que a arte busca “materializar” visualmente os conceitos intelectuais). Em 1959, fundou o neoconcretismo com Lygia Clark (1920-1988), Mário Pedrosa (1900-1981) e Hélio Oiticica (1937-1980), entre outros artistas, teóricos e poetas, rompendo com a racionalidade proposta pelo movimento original e, principalmente, defendendo a necessidade do subjetivismo na poesia concreta.

Lucian Fagundes
Em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Comunicação, Ferreira Gullar com a revista BOA VONTADE Especial, comemorativa dos 60 anos da LBV.

No ano de 1975, em exílio, residiu em Buenos Aires, na Argentina, onde escreveu o trabalho que marcaria definitivamente sua trajetória literária: Poema Sujo, publicado em 1976.

Já de volta ao Brasil, Gullar lançou o disco Antologia Poética (1979), com música e arranjo de Egberto Gismonti, e escreveu textos para peças de teatro e telenovelas. Outras obras de destaque são Na vertigem do dia (1980), Sobre arte (1984), Etapas da arte contemporânea (1985), Barulhos (1987), Indagações de hoje (1989) e Muitas Vozes (1999).

Por suas contribuições à literatura brasileira, ganhou, em 2010, o Prêmio Luís de Camões. No ano de 2014, passou a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a Cadeira 37, que antes pertencia ao poeta e tradutor Ivan Junqueira (1934-2014), além de Getúlio Vargas (1882-1954), Assis Chateaubriand (1892-1968) e João Cabral de Melo (1920-1999).

GULLAR, RECEBA O CARINHO DA LBV MAIS UMA VEZ

No mesmo ano de 2010, Gullar foi capa da revista BOA VONTADE nº 227, na qual concedeu entrevista, contando um pouco sobre momentos marcantes de sua vida e relação com a Arte. Durante a ocasião, que ocorreu em seu apartamento em Copacabana, RJ, deu um exemplo de perseverança, afirmando à Super Rede Boa Vontade de Comunicação*: “Minha vida foi pesada, com muitos problemas com filhos, mas nunca isso me fez desesperar nem achar que não vale a pena, que acabou; eu me mantenho enfrentando as coisas. Você tem de sentar e tentar resolver os problemas, e não ficar chorando num canto, porque isso não adianta nada”.                                                                                                                                                                                                                                                                      
À época, o ilustre poeta brasileiro completava os seus 80 anos de vida. Ao receber o cordial abraço de felicitações do diretor-presidente da Legião da Boa Vontade (LBV), José de Paiva Netto, prestou a gentil saudação: “Fico muito agradecido, especialmente por essas palavras, referências que fez. Muito obrigado!”.

A entrevista gravada por Ferreira Gullar será reapresentada na Boa Vontade TV, nesta segunda-feira, dia 5, às 20h. A LBV e seu dirigente solidarizam-se com os familiares, amigos e admiradores de Ferreira Gullar, e enviam as mais sinceras vibrações de Paz a este ilustre escritor.
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*Super Rede Boa Vontade de Comunicação — O termo refere-se aos veículos da Comunicação 100% Jesus: a Super Rede Boa Vontade de Rádio, a Boa Vontade TV (canal 196 da NET e 212 da Oi TV), o Portal Boa Vontade e as demais publicações de Espiritualidade Ecumênica.