Dom Paulo Evaristo Arns

Nathan Rodrigues

18/09/2017 às 11h44 - segunda-feira | Atualizado em 18/09/2017 às 14h18

Isabel Paes

Nesta semana, a seção Linha do Tempo, que se dedica a reunir memoráveis depoimentos de personalidades brasileiras e internacionais sobre o trabalho realizado, há quase sete décadas, pela Legião da Boa Vontade, abre aspas para o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016), arcebispo emérito de São Paulo e importante figura na luta em defesa dos direitos dos pobres e pelo fim da desigualdade social.

Durante sua missão sacerdotal, Dom Paulo foi um grande amigo da Legião da Boa Vontade e de seu diretor-presidente, José de Paiva Netto. Foi, aliás, espectador do surgimento da LBV. Em 2000, ano em que a Instituição completou 50 anos, relembrou à Super Rede Boa Vontade de Comunicação (Rádio, TV, Internet e Publicações): “Meu querido presidente Paiva Netto, meus amigos, em primeiro lugar gostaria de transmitir meus votos de felicitações. A LBV é realmente uma coisa extraordinária, que se realiza em nome do Amor e em nome de Jesus. Vi o comecinho do trabalho do Dr. Zarur, estive com ele diversas vezes quando eu era padre novinho. Subimos, descemos juntos. Só que ele era muito incompreendido, muito combatido, apesar de só pregar o Amor”.

Em 2006, época em que Paiva Netto completava 50 anos de trabalho na LBV com uma grande comemoração junto aos Legionários da Boa Vontade no Ginásio da Portuguesa, na capital paulista, o sacerdote encaminhou a seguinte mensagem: “Por ocasião do Congresso do Jubileu de Ouro de Paiva Netto na Legião da Boa Vontade, apresento meus parabéns e os melhores votos, agradecendo todo o Bem realizado em favor da Paz e do entendimento na sociedade e formulando augúrios para o pleno êxito do evento. Cordial e atenciosamente”.

Filho de pequenos agricultores, Dom Paulo nasceu em Forquilhinha, interior de Santa Catarina, em 14 de setembro de 1921, e ordenou-se padre em 1945 enquanto residia na cidade de Petrópolis, RJ — onde ainda trabalhou como professor de Teologia, como jornalista e como vigário nos subúrbios da cidade.  

Religioso com formação erudita, doutorou-se com o mais alto grau acadêmico, très honorable, em Letras pela Universidade de Sorbonne, em Paris, na França, com a tese A Técnica do Livro de São Jerônimo, em 1952. 

Seu trabalho em prol dos direitos dos pobres e pelo fim da desigualdade social lhe valeu dezenas de prêmios no mundo: título de doutor honoris causa em universidades dos Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Holanda; prêmio do Alto-Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (1985), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Dentre estes prêmios, está a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica. No ano de 1998, Dom Paulo foi agraciado na categoria Religião"Eu gostaria de agradecer, em primeiro lugar, o duplo privilégio de a LBV me conceder, no dia de hoje, a possibilidade de receber em São Paulo esse prêmio. Eu gostaria de dirigir uma palavra ao dr. José de Paiva Netto, o nosso presidente: São Paulo o tem no coração, sabe que a sua ação jamais será esquecida enquanto elevar a pessoa humana a ser, realmente, promotora da Solidariedade, da Justiça, da Paz e da Verdade. Por isso, receba o nosso agradecimento e o transmita a todos aqueles que foram agraciados comigo, nesse ano. Que Deus a todos abençoe! Obrigado", disse, na ocasião.

A premiação foi instituída em 1996 pelo ParlaMundi da LBV e homenageia os grandes expoentes das diversas áreas do saber humano.