FAO: falta de água afetará dois terços da população mundial em 2050

Agência Brasil

14/04/2015 às 16h27 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

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A escassez de água afetará dois terços da população mundial em 2050 devido ao uso excessivo de recursos hídricos para a produção de alimentos. Este foi o alerta feito nesta terça-feira, 14, pela Organização das Nações Unidas para  Alimentação e Agricultura (FAO). A informação está no relatório “Rumo a um futuro com segurança hídrica e alimentar”, feito pela FAO e apresentado hoje, no segundo dia do 7º Fórum Mundial da Água (FMA), que ocorre em Daegu, na Coreia do Sul, até a próxima sexta-feira, 17.

Segundo a FAO, atualmente há regiões do planeta em que se utiliza mais água subterrânea do que a armazenada de forma natural. O relatório cita, entre essas áreas, a Ásia Meridional e Oriental, o Oriente Médio, a África do Norte e a América do Norte e Central. Diante disso, populações sofrem perigo na utilização da água, pois em algumas regiões “a agricultura intensiva, o desenvolvimento industrial e o crescimento urbano são os responsáveis pela contaminação de suas fontes”.

A FAO pediu aos governos de todo o mundo que “atuem para assegurar que a produção agrícola, pecuária e de peixes seja feita de forma sustentável, ajudando a preservar os recursos hídricos”. De acordo com o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, “a segurança alimentar e segurança hídrica estão estreitamente ligadas”. Para ele, é necessária uma agricultura centrada na sustentabilidade mais do que na rentabilidade imediata.

Contudo, o especialista defende que a projeção pode ser evitada: “Acreditamos que, com o desenvolvimento dos enfoques locais e os investimentos adequados, os líderes mundiais poderão assegurar volume suficiente, qualidade e acesso à água para garantir a segurança alimentar em 2050 e mais além”.

Ainda de acordo com o documento, em 2050 serão necessários 60% a mais de alimentos no mundo, e a agricultura continuará sendo o maior consumidor de água. Mesmo com o aumento da urbanização, em 2050 grande parte da população mundial continuará a ganhar a vida com a atividade, apesar de o setor ser afetado com a redução do volume de água disponível — o que ocorrerá pela competição com as cidades e as indústrias. Nesse cenário, os agricultores e, sobretudo, os pequenos produtores, terão de encontrar novos caminhos “por meio da tecnologia e das práticas de gestão” para aumentar a produtividade com disponibilidade limitada de terra e de água.