José Carlos Araújo, o Garotinho, escreve: Reconstruções

Comunicador esportivo é locutor da Super Rádio Tupi do Rio de Janeiro e apresentador do Esporte Rio, no SBT. Neste artigo, escreve sobre o futebol brasileiro.

José Carlos Araújo

30/03/2015 às 19h53 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Arquivo Pessoal

José Carlos Araújo é locutor esportivo da Super Rádio Tupi do Rio de Janeiro/RJ e apresentador do SBT Esporte Rio, da TV SBT-Rio e colunista na revista Boa Vontade.

O massacre alemão na Copa do Mundo (o fatídico 7 x 1) jamais será esquecido. Mas, ainda que as reformas estruturais e institucionais não tenham saído do papel e a escassez de grandes craques continue, a seleção brasileira vem tendo como principal característica a reconquista da autoestima e volta a impor respeito. 

Sob o comando de Dunga, com a mesma base que jogou o mundial, foram oito jogos e oito vitórias. Se ainda não apresenta um futebol técnico, alegre, pelo menos é competitiva, moderna, atualizada. Podemos perceber jogadas ensaiadas, variações táticas e, principalmente, vontade de vencer, sem soberba. 

Craque mesmo, só Neymar, cada vez mais à vontade nesse papel. Entretanto, há diversos bons jogadores, em excelente momento em seus clubes na Europa e, agora, se soltando na seleção: Oscar, William, Thiago Silva, David Luiz , Miranda. No gol, Jeferson passa segurança. Entre as novidades, Firmino é uma boa surpresa, bem como Elias. O trabalho é bom. Afinal, ninguém pode constestar vitórias sobre a Argentina (vice-campeã do mundo), Chile e França, seleções que fizeram um bom mundial.

Isso prova que o futebol mundial é nivelado, decidido não só na técnica, mas também na vontade e disciplina tática. Seleções como Holanda, Espanha, Itália não têm tido facilidade na Eurocopa. Nunca foi tão atual a máxima de que não há mais bobo no futebol. A amarelinha, pentacampeã mundial, não está morta.

No Brasil, os estaduais despertam as polêmicas de sempre: estádios lotados nos jogos decisivos, arbitragem não profissional interferindo nos resultados e emoção apenas pela rivalidade local.

Há de se louvar a MP do futebol, que ajudará os combalidos clubes brasileiros a sair da grave crise financeira. Os que aderirem ao projeto, terão seus débitos fiscais e trabalhistas parcelados e, em algumas circunstâncias, com desconto. Ainda se discute a contrapartida, tal qual a obrigatoriedade de ter investimento no futebol feminino e a limitação dos mandatos dos presidentes.

Muitas instituições tradicionais serão salvas e os seus dirigentes serão responsabilizados pelo que fizerem. É o começo de uma nova era dentro e fora do gramado, possibilitando que o nosso futebol volte a ser atraente e campeão.