Designers criam ‘engenhoca’ que auxilia no transporte da água armazenada

A iniciativa também foi pensada para que os próprios cidadãos desenvolvam o mecanismo.

Karine Salles

21/11/2016 às 00h23 - segunda-feira | Atualizado em 22/11/2016 às 12h40

Desde que a crise hídrica em São Paulo ganhou repercussão nacional, a preocupação com ‘o ter água no dia seguinte’ passou a fazer parte da vida de muita gente. Há mais de um ano, as pessoas estocam o líquido a qualquer custo e de todo modo. Baldes, bacias, piscinas e onde mais couber. A situação ainda é alarmante e a população deve seguir com os esforços para economizar água.

Divulgação
Bomba rack

Neste período, muitas ‘engenhocas’ foram criadas e instaladas nas residências para ajudar a poupar. Uma delas é a bomba hack, criada pelo Núcleo Exploratório de Pesquisa em Design do IED São Paulo. O objeto colabora no transporte da água armazenada para outro ambiente da residência. Carregar um tonel com água pesa e muito, né?

O projeto teve início de forma inusitada, como conta Christian Ullmann, coordenador do grupo de pesquisa. “Durante um almoço de amigos surgiu a proposta de atender uma necessidade social, num projeto simples e que possa colaborar para reduzir o impacto da crise hídrica”, recorda. Várias boas ideias surgiram. Mas a proposta que deu origem à bomba hack foi a que mais agradou à equipe.

A bomba hack é a primeira iniciativa do Projeto Flui, uma criação do Questto|Nó — uma das mais conceituadas agências de design brasileiras —, alunos e professores do Instituto Europeo di Design (IED São Paulo), faculdade internacional de design no Brasil, que juntaram esforços para buscar respostas para a crise hídrica, um dos problemas contemporâneos mais graves e complexos.

Ullmann ponderou que, durante o processo de pesquisa, foi observado que “a dificuldade maior das famílias era no transporte [desses recipientes] de um local para outro”. Depois disso, os criadores foram “pesquisar quais poderiam ser os itens que poderiam colaborar”, já que o produto final precisaria ser de simples e baixo custo.

Durante quase três meses, foram “testadas possibilidades para saber se o produto era útil e viável”. Ullmann lembra que durante o processo de desenvolvimento foram feitos testes nas casas das pessoas. Nesse período, receberam algumas dicas e sugestões. “Tanto que no meio do caminho observamos que as pessoas tinham dificuldade manuseio por conta do peso e da dimensão. Fizemos as correções necessárias até ele ficar pronto e ser apresentado”.

A bomba hack tornou-se, então, uma solução simples e que todos os cidadãos podem utilizar. “Tivemos a preocupação do custo ser reduzido, na possibilidade de faça você mesmo com um manual de instruções, ou seja, a pessoa pode comprar os componentes em uma loja de materiais de construção”. O mais caro dos itens custa em média 20 reais.

O uso dela é muito simples: basta, depois de devidamente montada, colocar uma das mangueiras no balde de água captada da chuva, por exemplo, e com a outra mangueira lavar o quintal de casa. ““É importante que os futuros designers estejam atentos ao impacto social de seu trabalho, bem como às oportunidades que se apresentam. Há que se projetar para as pessoas”, finalizou Christian Ullmann.

E o educador Paiva Netto sempre nos ensina que “é nos momentos de crise que se forjam os grandes caracteres e surgem as mais poderosas nações”. E surgem mesmo!