Aplicativo brasileiro ‘dá voz’ às pessoas com deficiência e é premiado pela ONU

Descubra como o Livox ajudou a filha de seu desenvolvedor e os mais de 10 mil usuários do Brasil

Wellington Carvalho

24/12/2015 às 18h00 - quinta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05

A todo instante, nos comunicamos uns com os outros e percebemos o quanto isso facilita as atividades do dia a dia, como agendar um encontro com os amigos, reunião de trabalho, falar com alguém em outra cidade ou país, entre outras coisas. E com a tecnologia — internet e aplicativos — ficou muito mais fácil fazer tudo isso. 

No caso de pessoas com deficiência, expressar o que se quer comer ou simplesmente para onde ir passear pode ser mais difícil, como no caso da Clarinha, de 7 anos, que teve paralisia cerebral durante o parto. Para ajudá-la na comunicação, o pai dela, Carlos Edmar Pereira, de Recife, PE, criou o aplicativo Livox, que foi eleito pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o melhor aplicativo de inclusão social do mundo.

livox.com.br

Da esq. para a dir.: Carlos Edmar Pereira, Clarinha e sua mãe, Aline Pereira.

De acordo com Carlos, que é analista de sistemas, a tecnologia tem um algoritmo inteligente chamado IntelliTouch, que faz o sistema se adaptar ao usuário conforme sua deficiência. Dessa maneira, favorece que pessoas com problemas cognitivos, auditivos ou motores possam utilizá-lo. Em todo o Brasil, são mais de 10 mil pessoas que utilizam o aplicativo, que já está traduzido em 25 idiomas. Na capital pernambucana, a procura de escolas públicas já é grande, já que a ferramenta favorece a inclusão e aprendizagem de alunos deficientes.

No caso da Clarinha, que não controla muito bem os movimentos do corpo, mas é totalmente lúcida, basta tocar a tela do tablet em algum bloco representativo (como na imagem abaixo) — e nem é preciso um toque muito específico — para dizer se quer brincar, conversar, descansar, como se sente no momento, e assim por diante. De acordo com Carlos, ela “consegue se comunicar como quer. Na escola, [o aplicativo] também tem sido muito útil, pois ela consegue acompanhar todas as tarefas, embora não consiga pegar num lápis e papel sozinha”, afirmou ao Portal Boa Vontade.

Divulgação


No caso do Jarismar, de 48 anos, que precisou retirar as cordas vocais por conta de um problema de saúde, o Livox foi uma saída para que ele passasse a se comunicar com sua família. Confira no vídeo abaixo como o aplicativo “devolveu” a voz a ele.

Além da premiação como melhor aplicativo de inclusão social do mundo, concedida pela ONU, o Livox também recebeu o prêmio em inovação tecnológica com maior impacto em 2014, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e foi o primeiro lugar na Copa do Mundo de Tecnologia do Vale do Silício, na Califórnia, Estados Unidos. “Estamos indo para novos mercados. Recentemente, fechamos uma parceria com a Liga Árabe para que o Livox esteja acessível a milhares de pessoas com deficiência por lá”, detalhou Carlos.

Na visão do criador da ferramenta, “temos que acreditar nas pessoas com deficiência, porque muitas vezes as outras pessoas não acreditam no potencial que elas têm. E temos que apostar nesse potencial, justamente para ajudá-las a superar seus limites. Temos que ir sempre em busca de alternativas”. E completa: “todas as pessoas têm que entender que o conceito de inclusão é fornecer condições iguais a pessoas diferentes. Isso é muito importante”.

O Livox é gratuito e está disponível na Google Play. Porém, como pode ser personalizado conforme as necessidades de cada pessoa, é necessário entrar em contato com os desenvolvedores, por meio do site oficial do aplicativo, para receber as devidas orientações quanto à utilização.

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