Quando é necessário um transplante de medula óssea?

Janine Martins

21/06/2016 às 16h50 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05

A medula óssea é um tecido líquido, de aspecto gelatinoso, encontrado no interior dos ossos, e que desempenha uma função importantíssima para o organismo. Esse órgão é responsável pela produção dos elementos do sangue: as hemácias, conhecidas como glóbulos brancos; os leucócitos, também chamados de glóbulos vermelhos; e as plaquetas.

Cada componente sanguíneo desempenha uma atividade específica para o organismo. As hemácias, por exemplo, cuidam da condução do oxigênio dos pulmões para as células de todo o nosso corpo. Os leucócitos são os agentes mais importantes do sistema de defesa. Por fim, as plaquetas formam o sistema de coagulação do sangue.

Por isso, em casos de doenças do sangue, como a anemia aplástica grave, mielodisplasias e leucemias, muitos pacientes verificam a possibilidade de um transplante. Esse procedimento consiste na substituição de uma medula óssea doente ou deficitária por outra sadia e pede uma série de cuidados.

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Como funciona o transplante?  

Há dois tipos de transplante de medula: os autólogos e os halogênicos. No primeiro caso, o material genético a ser transplantado pertence ao próprio paciente. Já no segundo tipo, há a necessidade de um doador compatível.

O coordenador da Unidade Pietro Albuquerque de transplante de medula óssea do Instituto de Cardiologia do DF, Gustavo Bettarello, explica quando cada um deles é necessário: “A grande indicação para transplante autólogo de medula óssea é mieloma múltiplo [NT: um tipo de câncer de medula que afeta as células plasmáticas, produtoras de anti-corpos], que corresponde a cerca de 70 a 75% das indicações de transplantes. As outras indicações são para os linfomas, tanto de Hodgkin quanto o não-Hodgkin”.

Já o transplante halogênico é indicado para leucemias agudas, alguns casos de linfomas e também as anemias aplásticas, nas quais ocorre a falência da medula óssea.

Como doar medula óssea? 

Doar a medula óssea é um gesto e tanto de solidariedade. Só para você ter uma ideia, são raras as chances de encontrar uma medula óssea compatível para um paciente. Quer traduzir isso em números? Elas podem chegar a uma em cem mil. Sendo assim, esse gesto torna-se cada vez mais importante.

+ Paiva Netto escreve: "Doe Vida"

Para doar, é preciso fazer um cadastro como doador voluntário nos hemocentros de seu Estado e ter entre 18 e 55 anos. Antes de realizar o procedimento, contudo, o doador passa por um exame clínico, a fim de confirmar o seu estado de saúde. A doação é feita em centro cirúrgico e tem duração aproximada de duas horas. Durante o transplante, são realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia para a retirada da medula. O procedimento não traz dano algum à saúde.

Ah, um detalhe muito importante: o doador de medula óssea deve manter seu cadastro sempre atualizado. 

Você quer ajudar? O especialista garante: “É muito simples, basta ter vontade. Hoje todos os hemocentros do Brasil inteiro estão capacitados e habilitados em receber os indivíduos que queiram se cadastradas como doadores de medula, são coletados dois tubos de sangue, então é manifestar a sua vontade ao hemocentro".

Progressos da Unidade Pietro Albuquerque

Na última quinta-feira, 16, Brasília celebrou os dois anos de funcionamento da Unidade de Transplantes de Medula Óssea Pietro Albuquerque, localizada no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal. A Unidade, conta a superintendente do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal, Nubia Vieira, já realizou 129 transplantes. "É um grande prazer comemorar esses dois anos com essa junção tão bonita que é de retorno à vida pros pacientes”, completa.

O espaço leva o nome de Pietro Albuquerque, assim como a Lei que instituiu a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea (14 a 21 de dezembro), é uma homenagem ao filho de Beto Albuquerque, que faleceu de leucemia. “O banco de doadores de medula óssea, que sete anos atrás tinha 750 mil brasileiros cadastrados, hoje tem 4 milhões. Isso significa que o brasileiro se procurado e conscientizado ele é solidário, e ele participa dessas causas”, disse Beto.

Amigo de Boa Vontade, ele comentou sobre a parceria com a Instituição: “A Legião da Boa Vontade é uma instituição que eu prezo muito, tenho muito carinho, trabalhamos em muitas ações juntos”.