Pessoas com mais de 45 anos devem ficar ainda mais atentas contra a hepatite C

Agência Brasil

28/07/2014 às 13h52 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h02

Nesta segunda-feira, 28, é lembrado o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, data instituída pela Organização Mundial da Saúde. Segundo dados da OMS, no mundo, 500 milhões de pessoas carregam algum dos cinco vírus causadores dos tipos da doença (A, B, C, D, E) — que, de forma silenciosa, provocam a inflamação do fígado.

Enquanto as hepatites virais são responsáveis por 1,4 milhão de mortes todos os anos no mundo, são os tipos B e C as causas mais comuns de cirrose hepática e câncer de fígado. A Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite (ABPH) estima que cerca de 1,6% da população brasileira tem o tipo C, mas 90% dessas pessoas não sabem.

Evandro Oliveira/PMPA
Para detectar o vírus, bastam algumas gotas de sangue, que passam por um processo simples de análise.
 

Com o intuito de conscientizar sobre a doença, a ABPH promove nesta segunda-feira uma campanha em quatro terminais rodoviários de São Paulo, SP: Tietê, Barra Funda, Jabaquara e Guarulhos. Neles, a instituição oferecerá, gratuitamente, o teste rápido para a hepatite C. As pessoas que têm 45 anos ou mais são o principal alvo da campanha para a detecção desse tipo de vírus — forma mais grave da doença.

O presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), Edison Roberto Parise, explica que todas as pessoas que nasceram entre 1945 e 1970 devem realizar o teste para hepatite C. "Estamos lançando essa campanha tanto para a população quanto para os médicos pedirem o exame a seus pacientes", disse Parise.

Ele conta que, na década de 1970 e 1980, era muito comum a automedicação em farmácias com antigripais e estimulantes por via endovenosa, com seringas de vidro. Além das drogas injetáveis, a utilização de material não esterilizado por manicures, acupunturistas e até dentistas também ajudou a espalhar o vírus. "Então, mudamos a estratégia e chamamos, na campanha, todas as pessoas com mais de 45 anos, independentemente do histórico de exposição ao vírus."

Karen Moreira/ Portal PBH

Ainda segundo o gerente de Projetos da ABPH, Eduardo Tadeu Lima e Silva, até 1995 não era feito nenhum teste de hepatite em transfusões de sangue: "Muitas pessoas foram contaminadas com o tipo C, não foram diagnosticadas e silenciosamente a doença foi progredindo e virou uma cirrose ou câncer hepático. Então, existe uma janela de portadores silenciosos que foram transfundidos e que não sabem que têm o vírus".

E ainda completou que, "atualmente, há um controle maior nas transfusões. Com a chegada da aids e da hemofilia, os centros de doações passaram a fazer testagem mais específica. Então, o portador dificilmente vai transmitir, mas essas pessoas morrem se não identificadas a tempo", explicando que a hepatite C só é transmitida pelo sangue, em transfusões e compartilhamento de material perfurocortante.