Gravidez na adolescência: entenda todas as suas implicações

Nathan Rodrigues

26/09/2016 às 09h24 - segunda-feira | Atualizado em 30/09/2016 às 17h36

A chegada de um bebê opera significativas mudanças na rotina e na vida de uma mulher. Durante nove meses, a futura mamãe vivencia uma série de mudanças emocionais e no corpo, além da ansiedade por ter o seu bebê no colo. Essas alterações, contudo, podem representar um problema em uma gravidez na adolescência.  Não à toa, essa é considerada uma gestação de risco.

Uma preocupação justificada. Especialistas explicam que o corpo da jovem ainda não está completamente formado para a maternidade, podendo gerar, dentre outros problemas, anemia, pressão alta no decorrer da gestação e o risco de o bebê nascer com pouco peso, bem como complicações no parto. Essa é, inclusive, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a segunda maior causa de mortes entre adolescentes de 15 a 19 anos no mundo.

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A gravidez na adolescência também acarreta mudanças na vida social da lactante. A necessidade de se dedicar exclusivamente ao filho, por exemplo, faz com que muitas mães abandonem os estudos, aumentando os índices de evasão escolar e alterando futuros planos profissionais.

Além disso, a insegurança diante de uma gravidez indesejada leva muitas adolescentes a recorrerem a uma medida extremamente perigosa: o aborto. A cada ano, aponta relatório do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), mais de três milhões de jovens morrem em países em desenvolvimento por conta complicações desse procedimento, que é ilegal.

Em sua campanha de valorização à vida, o Portal Boa Vontade reitera que o aborto nunca deve ser uma opção, por mais difícil que seja encarar uma gravidez na adolescência. E fato inegável é que, a partir do momento da concepção, há vida! E ela deve ser respeitada, pois como há décadas preconiza o jornalista Paiva Netto: "Em nossa constante preocupação em valorizar a vida, sustentamos que, se a mulher tem direito sobre o seu corpo, o feto também tem sobre o dele".

Nessas situações, um bom relacionamento familiar pode ser determinante para que os medos e a insegurança diante de uma gravidez na adolescência sejam superados. Ter uma relação de confiança com os pais pode ajudar o jovem que se vê nessa situação, assim como em tantos outros desafios e aflições dessa idade. Só que esse vínculo não é criado de uma hora para outra, e precisa ser cultivado no lar.

Em todo o mundo, de acordo com estimativas das Nações Unidas, 14 milhões de crianças nascem de mães adolescentes ao ano em todo o mundo. Na América Latina e no Caribe é de 73,2 por mil nascimentos, quase o dobro dos níveis de outras regiões do mundo (48, 9 por mil), só sendo superada pela África, onde atinge 103 por mil. A maioria das mães eram adolescentes que estavam fora do sistema de ensino no momento da gravidez.

Apoio incondicional

Como a Legião da Boa Vontade (LBV) valoriza o gênero em todas as fases da vida, não poderia deixar de oferecer um programa exclusivo para auxiliar as mães de primeira viagem, realizando ações pautadas na garantia dos direitos da gestante e da criança.

O programa Cidadão-Bebê, que também contempla mães com filho até três anos de idade, promove palestras educativas, ministradas por especialistas, acompanhamento psicológico e, quando necessário, encaminhamentos para tratamentos médicos junto à rede de saúde. Graças à iniciativa, as mulheres fortalecem os laços maternos e superam os desafios iniciais da gravidez.

Vivian R. Ferreira

Esse apoio, no entanto, não termina com o fim da gestação. Após o nascimento dos bebês, a Instituição ainda desenvolve um grupo de mães, com encontros mensais nos quais são promovidas discussões sobre o cuidado com a criança e à infância. Nessa etapa, a equipe socioassistencial da LBV acompanha a agenda de vacinação dos pequenos e a avaliação pôndero-estatural (que acompanha peso e altura da criança), até que completem um ano de idade.

O programa também é desenvolvido pela Instituição em Portugal e um trabalho semelhante é realizado no Paraguai e na Bolívia, por intermédio do Grupo de Mães.

Uma gravidez na adolescência pode ser complicada, mas isso não quer dizer que deve ser interrompida.

Com um bom acompanhamento médico e o apoio da família, a jovem pode ter uma gestação tranquila.