Cientistas brasileiros criam sistema capaz de diagnosticar a dengue em minutos

Karine Salles

17/04/2014 às 18h18 - quinta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h00

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Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), do município de São Carlos, no interior paulista, desenvolveram uma tecnologia capaz de diagnosticar a dengue em poucos minutos. Atualmente, o exame convencional para a descoberta da doença só pode ser feito depois do sétimo dia de manifestações dos sintomas.

Arquivo Pessoal

Professor Francisco Guimarães

O professor e doutor do Instituto de Física da USP, Francisco Contijo Guimarães, um dos responsáveis pelo estudo, explicou ao Portal Boa Vontade que “os testes de dengue são importados, caros, realizados em laboratórios credenciados e levam cerca de três semanas para realizar o diagnóstico”. Com o novo biosensor, ele garante qué é possível “detectar [o vírus] logo nos primeiros dias de infecção, não precisando estar em estágios mais infecciosos”.

Ainda em fase de desenvolvimento, o aparelho, "que levou 3 anos” para ser montado, segundo Guimarães, se assemelha ao do teste de glicemia, pois é capaz de identificar, por meio de um exame de sangue do paciente, a dengue “em 20 minutos”.

De acordo com o professor, o anticorpo é colocado numa película metálica que não oxida e se torna mais sensível para identificar a doença. “Quando o sangue entra em contato com o anticorpo depositado sobre a película sensora (filme metálico), somente a proteína NS1, liberada pelo vírus da dengue logo que ele entra na corrente sanguínea do paciente, reage. Todas as outras bilhões de proteínas do corpo não aparecem”.

Mesmo com redução dos casos de dengue durante os dois primeiros meses do ano — 80% menos que no mesmo período de 2013 —, a doença continua na mira das autoridades de saúde do País, devido a seu efeito letal em alguns pacientes. Por isso, Francisco Contijo Guimarães garante que “o próximo passo da pesquisa é saber qual o vírus que está infectando a pessoa. Assim, os médicos podem atuar e prescrever um tratamento adequado".