A nova velha cara dos clubes brasileiros

Colunista da BOA VONTADE analisa o início de mais uma temporada e a busca dos clubes por reforços. Leia!

José Carlos Araújo

24/01/2017 às 10h32 - terça-feira | Atualizado em 24/01/2017 às 11h27

Arquivo Pessoal
José Carlos Araújo é locutor esportivo da Super Rádio Tupi do Rio de Janeiro/RJ e apresentador do SBT Esporte Rio, da TV SBT-Rio e colunista na revista BOA VONTADE.

O futebol está de volta, depois das férias e das pré-temporadas. Os clubes cumprem o velho ritual de dispensar alguns jogadores e contratar outros. Em geral, vendem aqueles que se destacaram na temporada passada e buscam os chamados reforços.

Mas, nem sempre essas contratações podem ser rotuladas de reforços. Muitos são apenas apostas, que podem vingar ou não. Na maioria das vezes, os verdadeiros craques são negociados para o exterior e acabam repatriados antigos valores já em final de carreira ou que não deram certo no exterior ou mesmo os que sofreram graves contusões e procuram se recuperar.

Os clubes brasileiros, diante da eterna crise financeira que os atinge, não resistem a propostas que rendam algum bom dinheiro. E, assim, lá se vão nossos craques. Muitas vezes, sequer passam pela equipe principal.

Divulgação / Flamengo
Vinicius Jr. já recebeu sondagens de grandes clubes da Europa.

Exemplos são as promessas vistas na recente Copa São Paulo. A maior delas, Vinícius Jr., do Flamengo, assim como outras revelações, já sofre o assédio dos clubes europeus. Dificilmente chegará a mostrar seu talento em gramados brasileiros.

Por conta desse panorama, o futebol brasileiro já não atrai tantos torcedores aos estádios. Exemplo foi a Copa da Flórida, mês passado, nos Estados Unidos. Apesar de disputada numa região dominada por latino-americanos e mesmo com a participação de gigantes brasileiros, como Corinthians, Vasco da Gama e São Paulo, exibiu jogos com o estádio praticamente vazio.

E não vamos nos iludir com a teoria de que o povo americano não se interessa por futebol, porque quando entra em campo um time poderoso, cheio de craques, os estádios ficam lotados. Mesmo nos Estados Unidos.

Os clubes brasileiros precisam atuar mais como empresas, para que se fortaleçam e resistam um pouco mais à rotina de formar jogadores para negociar e lucrar. É preciso lucrar, sim, mas levando craques a campo e, com isso, atraindo o público e patrocinadores de peso. Está na hora de deixarmos de ser apenas fornecedores de matéria-prima para engrandecer cada vez mais os clubes do exterior.

GREGG NEWTON/AFP/Getty Images
O São Paulo foi campeão da edição 2017 da Copa da Flórida, diante do Corinthians. O clássico, contudo, chamou pouca atenção da torcida.

Isso pode ser alcançado. Basta que se tenha planejamento, ousadia e profissionalismo. Quem sabe, um dia isso será uma realidade aqui no Brasil?