O papel da mídia na prevenção ao suicídio

Bruna Romera

09/09/2017 às 13h15 - sábado | Atualizado em 09/09/2017 às 13h42

 

Felipe Tonin
Bruna Romera

Dificilmente uma palavra ou um discurso é entendido apenas por uma perspectiva. Quando falamos em prevenção ao suicídio nos meios de comunicação, é importante analisar com cautela o contexto e a mensagem final da reportagem apresentada, seja ela escrita, radiofônica ou televisiva.

O suicídio ainda é visto como assunto tabu pela imprensa, em razão da dificuldade de sua abordagem. Há uma espécie de senso comum entre as grandes mídias de que o tema é muito perigoso para ser veiculado, pois, quando não é feita da maneira devida, a notícia pode induzir à ação.

Há também os que afirmam que o ato do suicídio, por se tratar de motivos particulares de atentado à própria vida, não tem conexão com a proposta da ação jornalística. Porém, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as taxas de mortes por suicídio aumentaram em 60% nos últimos 45 anos e ele é responsável por quase um milhão de óbitos por ano. Diante disso, o assunto torna-se igualmente preocupante e de interesse social, que vai muito além de um problema de caráter pessoal.

E são esses interesses e fatos que a imprensa também deveria tratar. O jornalismo constrói o imaginário coletivo; pode tanto promover a manutenção de tabus quanto sugerir novas formas de entender os acontecimentos e contribuir para mudá-los. De acordo com a OMS, estima-se que 90% dos casos podem ser evitados quando há oferta de ajuda.

“Uma palavra pode salvar uma vida. Uma palavra pode perder uma vida.”

Sob a égide da responsabilidade dessas palavras, apresentadas pelo saudoso fundador da Legião da Boa Vontade (LBV), Alziro Zarur (1914-1979), a Super Rede Boa Vontade de Comunicação (Rádio, TV, Internet e Publicações) — criada na década de 1940, inicialmente no Brasil, com a finalidade de fazer uma comunicação voltada ao ser humano e seu Espírito Eterno — diariamente aborda temas de valorização da vida. Pela Educação com Espiritualidade Ecumênica*, ela aplica a linha pedagógica da LBV em toda a sua programação radiofônica, televisiva e também em materiais impressos e pela internet, visando contribuir para o desenvolvimento integral do ser humano.

Quanto à prevenção ao suicídio, a comunicação da Boa Vontade aborda as possíveis razões e as consequências físicas, sociais, emocionais e espirituais do ato, a fim de confortar a audiência diante dos dramas que enfrenta, e demonstrar que tirar a própria vida não dará fim aos problemas pessoais; pelo contrário, na perspectiva da eternidade da Vida, o indivíduo gerará transtornos maiores para si, para sua família e para a sociedade em que vive. O jornalista José de Paiva Netto, diretor-presidente da LBV, costuma alertar que “o suicídio golpeia a Alma. Não desista da Vida”.

Mensagens como essa são apresentadas de maneira fraterna e ecumênica com palavras que fortalecem a autoestima, a esperança e a Fé (dentro do respeito às tradições religiosas ou filosóficas das pessoas), e por meio de orações que são veiculadas de hora em hora em sua programação no rádio e na TV.

+ Conheça a história de Heloísa, que resistiu ao suicídio ao sintonizar a programação da Boa Vontade.

Pode-se destacar o programa Viver é Melhor!, que traz especialistas diversos, principalmente da área da saúde, para promover uma informação educativa e preventiva às pessoas. No Brasil, por exemplo, constatou-se que 90% dos casos de suicídio estão relacionados a doenças mentais, conforme dados da Associação Brasileira Psiquiatria (ABP). Com isso, o programa trata, com frequência, de enfermidades como esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão, síndrome de Borderline, sempre ressaltando a relação e os riscos delas com o suicídio. O programa também alerta para as consequências de outras ações consideradas como suicídio indireto, a exemplo do uso de drogas, da dependência do álcool – e consequentemente as mortes ao volante –, do uso abusivo de medicamentos e dos distúrbios alimentares – tanto obesidade mórbida quanto a anorexia e bulimia.

Há, portanto, inúmeras formas de desmembrar o assunto e fazê-lo recorrente nos meios de comunicação. A questão é tornar essa uma prática de responsabilidade social nesses veículos. Atualmente, a OMS já oferece um manual de recomendações sobre como os profissionais da área devem abordar o assunto, pois, além das estatísticas, é preciso mostrar, principalmente, as formas de prevenção e tratamento. Deixemos de lado o tabu e apresentemos este tema à sociedade de forma responsável, para que se promova discussões saudáveis sobre o assunto.

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* Espiritualidade Ecumênica — Esta bandeira da Legião da Boa Vontade está presente em todas as suas ações socioeducacionais, pois é compreendida como “o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo vulgar da matéria e provem da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Misericórdia, da Moral, da Ética, da Honestidade, da Generosidade, do Amor Fraterno”. Trecho extraído do livro É Urgente Reeducar!, que fundamenta a linha educacional da LBV, escrito pelo educador Paiva Netto, autor de vários best-sellers.