Com chuvas abaixo da média, Cantareira pode secar em quatro meses

Agência Brasil

20/01/2015 às 10h58 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Luiz Augusto Daidone/ Prefeitura de Vargem

Represa do rio Jagauri, em Vargem, SP, que abastece o sistema Cantareira.

Projeções do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) revelam que, caso as chuvas na região do Sistema Cantareira continuem 50% abaixo da média e a captação se mantenha nos níveis atuais, esse manancial poderá secar daqui a quatro meses, isto é, no início de junho.

O centro, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, traçou modelos baseados em diferentes cenários de precipitação e captação. Para a projeção, foi analisada a rede de 33 pluviômetros automáticos instalados nas bacias de captação do Cantareira, em Jacareí, Cachoeirinha e Atibainha.

De acordo com Adriana Cuartas, hidróloga e pesquisadora do Cemaden, foram traçados cinco panoramas levando em conta as possíveis incidências de chuva. Os pesquisadores compararam os resultados com a série histórica de precipitações, desde 2004, disponibilizada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Até o fim deste mês de janeiro, o índice de chuvas no Cantareira mostra-se pior que o cenário projetado pela pesquisadora. Até esta terça-feira, 20, choveu apenas 60,9 milímetros desde o início do mês, o equivalente a 22,5% da média histórica para o período. “Vamos esperar o mês terminar para fazer a projeção. Estamos monitorando, avaliando e vendo o que acontece em janeiro para renovar as projeções”, afirmou. O nível dos reservatórios caiu de 5,8% nessa segunda-feira, 19, para 5,6% nesta terça-feira.

Segundo Adriana, no último trimestre, choveu 60% da média histórica. Num cenário otimista, de chuvas dentro da média histórica, o volume morto do Cantareira não secaria, mas permaneceria em níveis críticos. “O sistema não conseguira voltar para o volume útil”, esclarece. Nesse caso, o manancial dependeria da próxima estação chuvosa para se recuperar, a partir de 30 de setembro.

Na opinião da especialista, o ideal é reduzir o consumo da água: “Um dos cenários [traçados pelos pesquisadores] mostra que precisa diminuir muito a captação para não ficarmos numa situação perigosa”.