#PapoOlímpico: o atletismo na visão de Robson Caetano
Simone Ferreira Barreto
22/06/2016 às 11h42 - quarta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05
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Tricampeão mundial, 23 títulos nacionais, 18 torneios sul-americanos e duas medalhas olímpicas. O único brasileiro a participar de uma final dos 100m rasos numa Olimpíada, a prova mais nobre do atletismo. O currículo extenso não deixa dúvidas: Robson Caetano é um dos grandes nomes do nosso esporte.
O ex-atleta, empreendedor social, apresentador de TV e jornalista mergulhou na própria história ao conceder, recentemente, uma entrevista ao programa Boa Vontade Entrevista. Num descontraído bate-papo com a equipe da Boa Vontade TV (canal 196 da NET e da Claro TV e 212 da Oi TV), o medalhista olímpico relembrou fatos importantes de sua trajetória profissional, destacando a importância do atletismo para sua vida, e falou dos projetos sociais que realiza com o intuito de formar futuros campões — no esporte e na vida.
Descoberta do atletismo
Como a maioria dos garotos brasileiros, Caetano sonhou em ser um jogador de futebol profissional. As passadas largas e rápidas, contudo, levaram-no para o atletismo. De sua primeira técnica, Sônia Risseti, ouviu o seguinte conselho: “O esporte vai te dar alguma notoriedade, você pode fazer história. E vou te falar uma coisa importante: você é olímpico.”
"Eu diria que o esporte me encontrou. Eu estava num campo de futebol jogando bola, passou um profissional de Educação Física, me viu e me deu a oportunidade. Um garoto que nasceu na Favela da Maré e sair dali, de um lugar tão rudimentar, remoto, com tantas dificuldades, e, de repente, abraçar o mundo, ir à Monte Carlo, República Tcheca, Rússia. Eu agradeço demais ao esporte por me ter dado isso.”
Mentalidade vencedora
A vitoriosa carreira no atletismo foi construída com base numa frase ensinada pela treinadora: "Pegue todos os elos olímpicos e ali você tem a reunião de todas as cores num fundo branco". Lema que Robson Caetano passou a entender por completo quando conquistou sua primeira medalha olímpica, o bronze nos 200m, em Seul, no ano de 1988. "A frase significa que você pode alcançar o que quiser, desde que não se limite. E foi exatamente aí que comecei a entender isso, a coisa ficou muito mais fácil, comecei a me divertir mais.”
Valorização do atleta
“Os atletas precisam entender a sua importância, se valorizar. Os avanços que o esporte promove hoje facilitam a vida de muitos jovens atletas, mas alguns sacrifícios são necessários, senão você não cresce como esportista, como ser humano, e deixa de entender o que é necessário para chegar. Você não dá valor ao seu bem mais precioso. Hoje o meu bem mais precioso são os meus filhos.”
Olimpíada do Rio
“O esporte de base tem hoje algumas chances reais de medalha, mas o atleta tem que buscar. Vai depender muito de como nós, cidadãos, vamos torcer por eles, sentir a energia. A maratona pode trazer uma medalha, mas tem que querer.”
Projetos sociais
“Isso era um sonho que acabou se tornando realidade. (...) Já quis dar um passo gigantesco e abracei dez comunidades carentes no Rio de Janeiro, Borel, Macacos, Rocinha, Cidade de Deus, Vila Kennedy, saí abraçando. (...) Espero que a gente continue trabalhando.”
Aos futuros esportistas
“Vou repetir o que eu disse há muitos anos, em Del Castilho, na Legião da Boa Vontade [NT.: o atleta visitou o Centro Educacional José de Paiva Netto em março de 1999]: acreditem no sonho. Vocês vão crescer e se tornar grandes cidadãos. O esporte é algo que é físico, vai chegar um momento em que você precisa parar. Guarde as boas lembranças, acredite nisso. O sonho é possível e eu sou a prova viva de que você pode sair de uma situação de muito desconforto para o sucesso."
