José Carlos Araújo escreve: Moralização e Prestígio

Colunista da revista Boa Vontade apresenta análise do Campeonato Brasileiro 2015 e os principais destaques do mundo do futebol

José Carlos Araújo

27/11/2015 às 18h27 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05

Arquivo Pessoal

José Carlos Araújo é locutor esportivo da Super Rádio Tupi do Rio de Janeiro/RJ e apresentador do SBT Esporte Rio, da TV SBT-Rio e colunista na revista Boa Vontade.

O Corinthians, como tudo indicava, tornou-se hexacampeão brasileiro.  Foi merecido. Se não encantou, jogou um futebol objetivo, moderno, envolvente, com aproximação dos setores. Isso coroa o bom ano do futebol paulista, pois Santos e Palmeiras estão decidindo a Copa do Brasil.

Enquanto isso, o futebol carioca sofre com a eterna falta de estrutura e planejamento e viu seus times na parte final da tabela. Pelo menos, o Botafogo cumpriu o seu papel na série B, sendo campeão e garantindo o retorno ao seu lugar de direito, a elite.

Apesar das exaltadas novas arenas e dos novos talentos surgidos a cada edição, há uma visível colonização do nosso futebol, sim. Não jogamos mais como manda a nossa escola, a mais vitoriosa do futebol mundial. Copiamos o que havia de pior no futebol europeu, que hoje em dia joga como a nossa verdadeira cultura, não só pelo maior poderio econômico, boas gestões, mas sim pelo talento.

Aqui, o drible virou ofensa; o talento, desde a base, foi superado pelo porte físico. Nossos estádios, que eram charmosos, viraram arenas, umas iguais às outras. O preço alto, em relação aos salários do brasileiro, se contrapõe à qualidade duvidosa do espetáculo.

O povão, que fazia festa, assim como os torcedores folclóricos, foram afastados. A nova geração de torcedores é colonizada. Tem como ídolos jogadores estrangeiros e assiste e torce para times europeus. O futebol jogado por equipes como Barcelona, Bayer de Munique e outras nada mais é do que a genuína escola brasileira.

Como reflexo dessa inversão de valores, vemos o torcedor afastado da seleção canarinho e o fracasso dela desde as competições de base. Muitas ações precisam ser revistas. 

Outro ponto a ser discutido é a urgente profissionalização da arbitragem. Erros crassos e muitas confusões colocaram em xeque a credibilidade do campeonato.   

Quanto à Seleção Brasileira, o trabalho de renovação vai sendo executado durante as eliminatórias. Craque, só temos um: Neymar. Mas, bons jogadores vão se firmando, como Douglas Costa e William. Ainda falta a convocação de dois atletas muito talentosos, que vêm se destacando em seus clubes: Alex Teixeira e Philipe Coutinho.

Com boa vontade e organização, poderemos voltar a nos orgulhar de sermos o país do futebol. Ainda há talento.