José Carlos Araújo escreve: "Falta importar organização"

Comunicador esportivo é locutor da Transamérica FM do RJ e apresentador do Esporte Rio, no SBT. Neste artigo, escreve sobre o modelo do futebol brasileiro.

José Carlos Araújo

26/02/2015 às 11h53 - quinta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

Arquivo Pessoal

José Carlos Araújo é locutor esportivo da Super Rádio Tupi do Rio de Janeiro/RJ e apresentador do SBT Esporte Rio, da TV SBT-Rio e colunista na revista Boa Vontade.

Finalmente, só após o carnaval o ano começou de verdade para muitos. Vários clubes brasileiros, mesmo os que disputam a Libertadores, continuam em ritmo de pré-temporada, buscando ajustes, variações táticas, condicionamento físico e, principalmente, reforços.

Apesar do período de preparação ter sido maior, ainda não é o suficiente, adequado para o jogo em alto nível cobrado pela torcida.  Enfim, o ano mudou, mas a mentalidade continua a mesma. Faltam estrutura, correta aplicação dos recursos, respeito ao torcedor, consumidor, qualidade técnica do espetáculo, educação e os craques de outrora.

O futebol, sob a égide das novas arenas, afastou o verdadeiro torcedor, aquele cidadão autêntico que respira o seu time. Foi elitizado. Os preços praticados são incompatíveis com a renda do apaixonado décimo-segundo jogador. Fora isso, muitas vezes a qualidade técnica do jogo deixa muito a desejar.

Também são fatores preponderantes para a fuga do público: dificuldade de transporte; meios precários e obsoletos para a compra de ingressos; o horário dos jogos incompatível com quem vai estudar ou trabalhar no dia seguinte; a violência dentro e fora dos estádios; a falta de craques identificados com as equipes. Passa a impressão de ter mudado apenas a denominação dos charmosos e históricos estádios para arenas, que remetem a gladiadores dentro de campo.

Copiamos tantas coisas do exterior, mas nos esquecemos de trazer para cá o que eles têm de melhor: organização, gestão, respeito ao consumidor, manutenção da cultura local. A propósito, os europeus vêm praticando um futebol alegre, ofensivo, de vanguarda, como já foi o futebol brasileiro.

Fatos esdrúxulos, repugnantes, vêm acontecendo nos nossos gramados: erros de arbitragem em profusão, posto que inacreditavelmente os juízes não são profissionais; censura às reclamações quanto ao campeonato no Rio de Janeiro; caso de racismo, onde árbitro ofende jogador; cachorro mordendo atletas; discussão sobre clássicos com torcidas únicas dos mandantes; lances de baixíssima qualidade técnica dos jogadores.

É o fim da festa popular? Paramos no tempo? Vide como exemplo a pífia participação da seleção brasileira no Campeonato Sul-americano Sub-20. Aliás, se tivéssemos parado no tempo, teríamos um futebol com craques, alinhado com o nosso jeito de jogar. Mas, temos um futebol que é cópia do pior que já foi praticado um dia nos gramados europeus. Vale a pena refletir sobre o assunto e retomar o rumo vitorioso e popular do nosso jogo.