Ex-prefeito do Rio de Janeiro fala sobre principal estádio dos Jogos Olímpicos de 2016

André Gonçalves

30/01/2015 às 16h44 - sexta-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h04

O Engenhão será o principal palco dos Jogos Olímpicos que agitarão o Rio de Janeiro em 2016. O estádio foi inaugurado em 2007 e passa por reformas desde o início de 2013, com a justificativa de que a cobertura pode desabar em caso de ventos fortes.

Prefeito na época da construção do estádio, César Maia concedeu entrevista nesta quinta-feira, 29, por e-mail, à Super Rádio Brasil — 940 AM, emissora da Super Rede Boa Vontade de Rádio. Na conversa, ele fala sobre a interdição e a preparação para o megaevento que ocorre no ano que vem.

Veja na íntegra:

Super Rádio Brasil — Engenhão é do Botafogo? Até qual data? Quanto paga?

César Maia — Por 25 anos, desde 2007, podendo prorrogar. [Paga] R$ 30 mil por mês.

Super Rádio Brasil — Por que só o Botafogo se interessou pela licitação?

César Maia — Vasco tem campo. Fluminense e Flamengo tinham promessas de serem sócios na concessão do Maracanã. Foram enrolados.

Super Rádio Brasil — O senhor ficou surpreso com a necessidade de obra tão demorada após relativo pouco tempo de uso?

César Maia — Primeiro, foi tudo uma invenção para parar o Engenhão e os clubes que tinham contrato com o Engenhão terem que assinar com o Maracanã. Segundo, é estranho que colocar um suporte num trecho da cobertura leve tanto tempo quanto construir o Estádio. Mas, pelo menos, as empreiteiras pagaram a colocação do suporte.

Super Rádio Brasil — Houve algum equívoco na construção? Houve pressa em demasia para cumprir prazo de entrega?

César Maia — Um estádio semelhante ao do Benfica. Cinco consultores garantiram a estabilidade em função de uma mínima flexão num ponto. Só o alemão contratado pela Odebrecht para o Maracanã deu parecer contrário. Depois disso houve várias ventanias e rigorosamente nada aconteceu.

Super Rádio Brasil — No período de funcionamento, durante mais ou menos sete anos, na realidade, correu-se risco acima do "casual" de um grave acidente?

César Maia — Zero, garantiram os calculistas.

Super Rádio Brasil — A localização, que é tão reclamada por torcedores e pela mídia, seria hoje repensada caso o projeto de um novo estádio começasse do zero e o Engenhão não existisse?

César Maia — Não. Falta a ligação com a Linha Amarela e o corredor de acesso ao Metrô de Maria das Graças.

Super Rádio Brasil — Engenhão rivaliza com Maracanã? Há contornos políticos nesta interdição?

César Maia — Totalmente. O uso do Maracanã é oneroso para os clubes. Vai fechar no Estadual mostrando que a privatização afeta os "geraldinos".

Super Rádio Brasil — A postura do ex-presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, não foi cordata em demasia, [tendo em vista] tamanho prejuízo do clube com a interdição?

César Maia — Sim. Curiosa e estranhamente sim. E essa interrupção derrubou o Botafogo para a segundona [segunda divisão].

Super Rádio Brasil — Mudaria nome do estádio? Se sim, para qual?

César Maia — É um estádio Olímpico para Atletismo, adaptado para o futebol. As galerias ficam longe do campo. A FIFA não o credenciaria para uma Copa. Por isso, o nome está certo: homenageia quem foi decisivo para a vitória do Rio em 2016.

Super Rádio Brasil — Vê realmente o Engenhão como um grande palco olímpico?

César Maia — Obrigatoriamente, pois o atletismo é historicamente, desde Atenas até hoje, a modalidade principal. É a que entrega o maior número de medalhas. E os recordistas têm muito maior popularidade que em outras modalidades. Veja o Jamaicano.

Super Rádio Brasil — Há algo ainda oculto para o público em geral na história do Engenhão, seja no projeto inicial, construção, funcionamento, interdição e atualmente?

César Maia — Não, tudo transparente.

Super Rádio Brasil — Como botafoguense, que análise faz do início da administração Carlos Eduardo Pereira? Era favorável a manter Jefferson mesmo com questão financeira alarmante? Acredita no retorno à série A?

César Maia — Vai muito bem. Boa a escolha da equipe técnica. Claro que sou a favor. É unanimidade.

Super Rádio Brasil — Aproveitando, como cidadão, político, torcedor, enfim... Quer opinar sobre atual polêmica de termos ou não jogos no Maracanã e a questão de preço dos ingressos?

César Maia — Algo natural e esperado, na medida em que é a lógica da privatização. Tem que dar lucro que remunere o capital.

Super Rádio Brasil — Algo que o senhor queira falar sobre o tema Engenhão?

César Maia — Será o palco do relançamento do Botafogo à primeira divisão e, sob as áureas de Nilton Santos, Garrincha, Didi, Amarildo, Quarentinha..., voltará ao grupo dos principais times do Brasil.