ESPECIAL COP21 — A importância de investir em fontes renováveis

Da redação

23/11/2015 às 15h26 - segunda-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05

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Para falar das expectativas que envolvem a 21ª Conferência das Partes (COP 21)*, que se realizará em dezembro de 2015, em Paris, na França, a revista BOA VONTADE entrevistou especialistas de vários segmentos da sociedade sobre os mais destacados temas do encontro e as graves consequências das transformações climáticas no dia a dia das pessoas em todo o mundo, facilmente percebidas em razão da maior ocorrência de fenômenos naturais extremos, entre estes cheias e secas, e de enfermidades favorecidas por essas transformações. 

Confira nesta reportagem a opinião da coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, Bárbara Rubim, sobre a importância de investir em fontes renováveis.

Vivian R. Ferreira
Bárbara Rubim.
 

BOA VONTADE — O setor energético aumenta as emissões de gás carbônico na atmosfera?

Bárbara Rubim — É, hoje, o segundo maior emissor de gases de efeito estufa no Brasil. Só fica atrás do uso do solo — responsável por boa parte do desmatamento —, mas já existem estudos que mostram que, nos próximos trinta anos, ele será o maior emissor que teremos. Portanto, o setor energético possui papel relevante nas mudanças climáticas.

BV — Quais são as energias renováveis mais viáveis para o nosso país?

Bárbara Rubim — Tirando-se as hidrelétricas, que são renováveis, mas não sustentáveis, por todas as consequências que elas geram — por exemplo, nas comunidades indígenas e ribeirinhas da Amazônia —, há outras fontes renováveis, como a energia eólica, a solar e a da biomassa, e o Brasil é riquíssimo em todas elas. Nos últimos quatro anos, temos visto o crescimento da energia eólica na nossa matriz energética, mas a energia solar, que é uma fonte abundante no país — ninguém duvida de que ele é um “país tropical, abençoado [por Deus e bonito] por natureza” — e que poderia estar gerando eletricidade na casa de todos os brasileiros, segue esquecida e ignorada (...). O Greenpeace trabalha com a meta de 100% de energia renovável na nossa matriz energética até 2050. Isso é possível tecnicamente. O exemplo da Alemanha é marcante, porque o melhor lugar naquele país para a utilização da energia solar é 20% pior do que o pior lugar no Brasil. Mesmo assim, eles têm dez milhões de alemães sendo beneficiados por essa fonte de energia, enquanto o Brasil acabou de bater o recorde de 700 sistemas instalados — uma diferença grande.

“(...) a energia solar, que é uma fonte abundante no país (...) e que poderia estar gerando eletricidade na casa de todos os brasileiros, segue esquecida e
ignorada (...).”

BV — Qual é o principal papel da sociedade civil neste momento?

Bárbara Rubim — O principal papel da sociedade brasileira é, de fato, o de acompanhar as negociações que estão acontecendo no mundo, os comunicados do Ministério das Relações Exteriores — que está cuidando da elaboração da nossa INDC [Intended Nationally Defined Contribution, na sigla em inglês, ou Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida] —; e o de pressionar o governo para que ele seja ambicioso no estabelecimento dessa meta. Não podemos mais acreditar que não temos poder de mudança, porque temos, sim.

Está matéria está disponível na revista BOA VONTADE (edição 240). Adquira seu exemplar pelo telefone 0300 10 07 940 ou baixe o aplicativo gratuito da revista para iOS e Android.

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* 21ª Conferência das Partes (COP 21) — É o órgão supremo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), elaborada durante a Conferência de Cúpula das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, na capital fluminense. Nesse encontro, os países signatários da convenção, que entrou em vigor em 29 de maio de 1994, comprometeram-se a criar uma estratégia global “para proteger o sistema climático para gerações presentes e futuras”, tendo como meta principal estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça transformações drásticas do clima no planeta.