Alienação parental: pelo bem do seu filho, é melhor deixar de rixa

Influenciar o filho a enxergar seu pai/mãe de forma negativa, é uma tentativa que muitos usam como ataque ao ex-parceiro/a, mas que faz a criança ser a mais prejudicada

Wellington Carvalho

25/08/2015 às 18h31 - terça-feira | Atualizado em 22/09/2016 às 16h05

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Dra. Sandra Vilela.

Alienação parental é um termo que talvez você nunca tenha ouvido, mas indica uma situação que, provavelmente, você já presenciou. Ou já viu alguém passando. Ela é muito comum quando pai e mãe se separam. “É quando um genitor tenta colocar a criança contra o outro genitor. Toda vez que um pai ou uma mãe começa a agir para que a criança passe a recusar, a se afastar, ter ódio do outro genitor, é uma alienação parental”, explica a doutora Sandra Vilela, advogada especialista no assunto, ao Portal Boa Vontade. E esse tipo de “lavagem cerebral” é mais recorrente do que se possa imaginar. Segundo uma pesquisa realizada pela Associação de Pais e Mães Separados (APASE), 80% dos filhos de pais que terminaram o matrimônio sofrem com esse problema em algum grau.

“— Você não vai pra casa do seu pai, porque ele não paga a sua pensão há meses! E se ele aparecer aqui vai ouvir poucas e boas!”

De acordo com a Dra. Sandra, influenciar o filho a enxergar seu pai/mãe de forma negativa, como exposto na frase acima, é uma tentativa que muitos usam como ataque ao ex-parceiro/a, mas que faz a criança ser a mais prejudicada. Isso porque ela pode acabar desenvolvendo a Síndrome de Alienação Parental (SAP); ou seja, passa a acreditar em todas as críticas agressivas que são feitas sobre o outro genitor — nem sempre verdadeiras — e acaba se afastando dele. O período de separação, no qual a criança passa a ver o (a) pai/mãe somente a cada 15 dias, por exemplo, é um agravante, já que favorece o distanciamento e uma maior fixação das acusações.

“Quando a criança começa a aceitar essa influência, começa a falar que o ex-parceiro (a) é horrível, a falar mal dele (a) e não quer sair com ele (a), (...) essa é a pior situação. Uma criança para ter bom desenvolvimento [integral] precisa ter contato com o pai e com a mãe. Isso é fato. (...) Toda criança tem o direito natural de ter pai e mãe. Para um filho não ter um bom desenvolvimento, um caminho é impedir que ele tenha contato com o outro cônjuge e sua família extensa”, afirma a advogada, que lida com direito da família, além de convivência familiar e guarda compartilhada.

No caso do cônjuge “malvisto”, uma das consequências é a possível angústia e indignação em não poder desfrutar da presença do filho, além de, muitas vezes, sofrer com mentiras beeem pesadas, que chegam a caracterizar crimes de maus-tratos ou outros que envolvam sexualidade. Pois é. O assunto é realmente MUITO sério.

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ALIENAÇÃO PARENTAL CONTRA A FAMÍLIA EXTENSA

Em sua entrevista, a Dra. Sandra detalhou que, geralmente — o que não é regra obrigatória —, a alienação parental parte das mães contra os pais das crianças. E isso por inúmeros motivos, como traição, divisão de bens, rancor, ódio, entre outras questões que podem abalar o emocional dessas mulheres e, por isso, tornam elas também vítimas dentro dessa situação. Uma consequência ainda maior que pode ocorrer é o problema se estender aos tios, avós, primos e outros parentes do filho. “Já vi casos de alienação parental em que o pai e a mãe impediam que a criança não tivesse contato com a avó paterna. Nesse caso, é a avó que deve entrar com uma ação judicial, pedindo providências para que tudo aquilo pare.”

NÃO DEVEMOS CONFUNDIR O DIREITO COM A RESPONSABILIDADE

“Ah, mas a gente está se separando e nada da divisão patrimonial, da pensão, ou outras questões financeiras se resolverem”, pode reclamar algum leitor. Em casos como esse, é necessário cobrar a responsabilidade do ex-cônjuge, mas não denegrir o direito de convivência que pertence a ele (a) e ao filho. “A criança precisa do dinheiro, precisa do alimento propriamente dito, mas a convivência com o genitor é o alimento da Alma”, pondera a advogada.

MATERNIDADE E PATERNIDADE SÃO IGUALMENTE NECESSÁRIAS

E aqui um destaque da Dra. Sandra. Infelizmente, muitos pensam que o contato maternal sobrepõe a convivência entre pai e filho, como se ela fosse um mero complemento — o que é um equívoco na opinião da especialista: “A função da mãe é uma e a do pai é outra. Se, infelizmente, um dos pais faleceu, não há o que fazer e daí um outro parente poderá exercer esta função. Agora, ser órfão de pai vivo é um horror; a criança terá problemas pro resto da vida e os problemas são gravíssimos”. E complementa: “Ao analisarmos a incidência de menores infratores, [percebemos que] a grande maioria não tem figura paterna forte. Atribui-se o uso de drogas, delinquência juvenil, a uma figura paterna frágil”.

Àquelas pessoas que se sentem prejudicadas por uma alienação parental, a Dra. Sandra Vilela conclui que devem procurar um advogado imediatamente. Assim, as devidas providências devem ser tomadas no judiciário, de modo que a situação termine o quanto antes. Mas sempre lembrando que cada caso é um caso.

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FAMÍLIA UNIDA VENCE OS DRAMAS DA VIDA

Contudo, visto os transtornos que os filhos, pais e demais familiares podem enfrentar diante da alienação parental e separação dos cônjuges, destacamos aqui a importância dos valores do respeito, do diálogo, da compreensão, da tolerância que sempre devem permear a convivência familiar, mantendo-a permanentemente sadia. Estes são alguns dos antídotos contra as várias formas de discórdia e desunião. Quando cultivados, afastam o possível egoísmo que pode surgir entre os casais e, por fim, atingir os pequenos. 

+ Leia mais: A importância do perdão para a união das famílias

Dr. Bezerra de Menezes.

Na revista JESUS ESTÁ CHEGANDO!, edição 108, o nobre Irmão Dr. Bezerra de Menezes (Espírito), Coordenador da Revolução Mundial dos Espíritos de Luz, na Quarta Revelação, a Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, nos convida: “Consolidemos a união em prol de uma vida equilibrada, farta, rica de Amor, de Respeito e de Verdade, sem a qual jamais poderemos viver. Todos os pais são legítimos quando realmente atentos aos filhos. Empreendedores do apoio, do suporte necessário à redenção, à vitória pessoal de sua família. Mas onde encontrar a vitória senão nos preceitos de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai e Amigo?”.

Quanto à relação matrimonial, o saudoso “Médico dos Pobres” e político brasileiro, que viveu entre nós durante os anos de 1831 a 1900, ainda destaca na edição 112 da mesma Publicação de Espiritualidade Ecumênica:

Os casais têm que alimentar o Amor. Buscar nas profundezas do Espírito aquilo que pode ser a afinidade com Deus [que é Amor, no dizer de João Evangelista (Primeira Epístola de João, 4:8)].

(...) A existência na Terra é de luta — não há outra denominação melhor —, mas a tranquilidade de Alma existe quando vemos que as Forças Benditas envolvem a família e os casais, elevando-os a patamares de compreensão, buscando as sementes que germinaram os frutos da semeadura, por intermédio dos filhos.

Apostemos na ideia das famílias unidas pelo Cristo de Deus. Apostemos nisso. Que a palavra da Boa Vontade Divina possa fazer o trabalho preponderante do Bem e ser ouvida e seguida na Terra.

 


(...) Muitos casais e muitas famílias se desfazem porque não se preocupam com o diálogo salutar, com a compreensão mútua, enfim, com a presença do símbolo da unidade familiar, cujos arroubos sempre causam transtornos perigosos, problemáticos e danos irreparáveis aos que postulam a sedimentação da família no planeta Terra.

(...) Se Jesus aproximou, uniu e fez com que frutificasse o Amor por intermédio dos filhos, dos felizes filhos que desabrocham, temos que trabalhar para suprir as deficiências do cotidiano, da convivência, do livre-arbítrio e de raciocínios que, às vezes, fogem do verdadeiro prumo necessário ao desenvolvimento da família.

(...) Apostemos sempre, sempre, na oração, na intuição e na atitude correta, como esposo, esposa, como mãe e pai que dão a vida aos filhos, lembrando que as responsabilidades são ainda maiores para os que possuem funções no berço das Casas de Deus
”. (Os destaques são nossos.)